Entre 2014 e 2024, o Piauí reduziu em 55,6% os óbitos por hepatite B, caindo de nove para quatro mortes no período, segundo o novo Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais. As mortes por hepatite C também apresentaram queda de 25%, passando de 12 para nove. Apesar dos avanços, o Ministério da Saúde alerta para a necessidade de ampliar a testagem e a adesão ao tratamento, especialmente nos casos de hepatite B.
“O Brasil conta com o maior e mais abrangente sistema público de vacinação, que garante a oferta de terapias e testagem. Desde a implementação dos testes rápidos no SUS, avançamos no enfrentamento das hepatites virais. É importante reforçar: temos vacinas, testes e orientações claras disponíveis. Por isso, quero chamar a atenção da população para a importância do diagnóstico precoce”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Brasil se aproxima da meta da OMS
Em nível nacional, o Brasil reduziu em 50% os óbitos por hepatite B entre 2014 e 2024, com um coeficiente de 0,1 morte por 100 mil habitantes. Para a hepatite C, a queda foi ainda maior: 60%, com coeficiente de 0,4. Esses avanços colocam o país mais próximo da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS), que prevê a redução de 65% nas mortes por hepatites B e C até 2030.
Entre crianças menores de 10 anos, os casos de hepatite A caíram 99,9% no período. Também houve redução na transmissão vertical da hepatite B, com queda de 55% na detecção em gestantes e 38% nos casos em menores de cinco anos.
Em 2024, foram registrados no Brasil 11.166 casos de hepatite B e 19.343 de hepatite C.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela Simão, reforça que o Brasil avança de forma consistente no enfrentamento das hepatites.
“Os dados do boletim, do painel e a campanha lançada hoje mostram que é possível avançar mais. A hepatite B ainda não tem cura, mas pode ser controlada com a vacina, que é segura, eficaz e ofertada gratuitamente pelo SUS. As vacinas no Brasil são certificadas pela Anvisa e têm eficácia comprovada por estudos”, afirmou.
Novo painel permite monitoramento por estado e município
O Ministério da Saúde lançou uma plataforma inédita que permite acompanhar o número de pessoas diagnosticadas com hepatites B e C, quantas iniciaram o tratamento e o tempo médio de cuidado. O modelo se inspira na estratégia de enfrentamento ao HIV e visa melhorar o planejamento das ações em cada território.
Dados de 2024 apontam que 115,3 mil pessoas foram indicadas para tratamento contra a hepatite B no país, com 58,8 mil iniciando o acompanhamento e 14,8 mil abandonando o tratamento. No Piauí, 319 pessoas foram indicadas e 173 iniciaram o acompanhamento.
Para a hepatite C, 12,5 mil brasileiros receberam indicação para tratamento e 9,1 mil iniciaram o cuidado. No Piauí, 66 pessoas foram indicadas e 56 começaram o tratamento.
O objetivo do Ministério é dobrar o número de pacientes em tratamento para hepatite B, alcançando a meta da OMS de 80% de cobertura. A ferramenta também permitirá que gestores estaduais e municipais monitorem o cumprimento de metas e planejem estratégias mais eficazes.
Campanha reforça importância do diagnóstico precoce
A campanha nacional “Um teste pode mudar tudo” incentiva a testagem para hepatites, especialmente entre pessoas com mais de 20 anos. Os exames são gratuitos no SUS e podem ser feitos com testes rápidos ou laboratoriais nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
O tratamento da hepatite B inclui medicamentos como alfapeginterferona, tenofovir desoproxila (TDF), entecavir e tenofovir alafenamida (TAF). Já a hepatite C é tratada com antivirais de ação direta (DAA), com taxa de cura superior a 95%.
A vacinação continua sendo a principal forma de prevenção. A vacina contra a hepatite B é oferecida desde o nascimento, seguindo o esquema de quatro doses. Adultos não vacinados também podem ser imunizados gratuitamente pelo SUS. A vacina contra a hepatite A é aplicada em dose única aos 15 meses e, em casos especiais, em duas doses em centros de referência.
Outras formas de prevenção incluem o uso de preservativos, higienização das mãos e não compartilhamento de objetos que possam ter contato com sangue. O SUS oferece gratuitamente vacinas, testes rápidos e preservativos em todo o país.
Vacinação contra hepatite A será ampliada em 2025
Desde a inclusão da vacina contra a hepatite A no SUS, em 2014, os casos da doença caíram de 6.261 em 2013 para 437 em 2021 — uma redução de 93%. Entre crianças, a queda foi ainda maior: 97,3% entre menores de 5 anos e 99,1% na faixa de 5 a 9 anos, entre 2013 e 2023.
Em 2025, o Ministério da Saúde vai ampliar a vacinação contra a hepatite A, incluindo novas faixas etárias.
Além disso, foi lançado o Guia de Eliminação das Hepatites Virais, que orienta estados e municípios sobre ações de prevenção e tratamento. O documento também prevê a concessão de selos de reconhecimento (Ouro, Prata e Bronze) para cidades que avançarem no combate à doença. Até agora, 18 municípios já foram certificados.