A medida inclui os medicamentos classificados como agonistas do receptor de GLP-1, como semaglutida, liraglutida, dulaglutida, exenatida, tirzepatida e lixisenatida. Até então, a venda era permitida apenas com apresentação de receita, que permanecia com o consumidor.
Agora, a prescrição desses medicamentos deverá ser feita em duas vias, e a farmácia será obrigada a reter uma delas no momento de compra, seguindo o mesmo modelo de controle já aplicado em antibióticos. As receitas terão validade de 90 dias a partir da data de emissão.
Segundo a Anvisa, a decisão tem como objetivo proteger a saúde da população. O uso indiscriminado dessas medicações, principalmente com finalidade estética e sem acompanhamento médico, tem gerado um número elevado de reações adversas.
A nutricionista Thayssa Lauanna alerta para os riscos do uso indiscriminado desse tipo de medicamento: “O maior perigo está no uso sem orientação médica. Muitas pessoas utilizam as canetinhas para perder dois ou três quilos, que você consegue apenas com dieta e sem uso de medicamentos. Isso sem falar nos efeitos colaterais, como náusea, vômitos e diarreia.”
Os medicamentos do tipo GLP-1 foram desenvolvidos principalmente para o controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2 e para o tratamento da obesidade, quando há indicação clínica. “Ela é para ser utilizada apenas por pessoas que sofrem com diabetes, que é para ajudar a melhorar esse controle glicêmico ou pessoas que sofrem com obesidade, com sobrepeso. Mas sempre com a prescrição de algum profissional, com acompanhamento médico”, reforça a nutricionista.
A decisão da Anvisa atende a um antigo pedido de entidades médicas como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e metabologia (SBEM), a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome metabólica (ABESO). As instituições alertam que o uso sem avaliação médica pode trazer sérios riscos à saúde. Em nota oficial, as entidades reforçaram a importância de seguir recomendações baseadas na ciência e na ética, priorizando a segurança e bem-estar da população.
Além de proteger a saúde dos consumidores, a nova regra deve ajudar a evitar o desabastecimento nas farmácias “Às vezes, uma pessoa que é diabética, que precisa realmente precisa da canetinha, vai até a farmácia e não tinha, porque outras pessoas que nem precisavam, conseguiam comprar”, explica Thayssa Lauanna.
A expectativa é que a retenção da receita garanta um controle mais rigoroso e evite que os medicamentos sejam utilizados de forma indevida ou sem necessidade clínica.