De acordo com o mais recente boletim do Monitor de Secas, da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), todos os 224 municípios piauienses permanecem sob condição de seca. Mas, o que chama ainda mais atenção é o aumento do número de cidades em situação de seca grave, que saltou de 61 em abril, para 134, no mês de maio, atingindo principalmente a região central do estado.
O fenômeno já é classificado como a pior seca dos últimos oito anos. Como parte das medidas adotadas para enfrentar o problema, a Semarh acaba de lançar uma nova ferramenta digital em seu site institucional. Uma plataforma que permite a qualquer cidadão acompanhar, mês a mês, os dados completos do Monitor de Secas, com informações específicas sobre cada município e comparativos com os boletins anteriores. “Essa nova ferramenta representa um avanço importante na transparência da gestão pública. O cidadão poderá verificar como está a situação da seca no seu município, entender a evolução do quadro e, inclusive, comparar com outros meses e anos. É um instrumento de informação, mas também de empoderamento”, destaca Felipe Gomes, diretor da Semarh.
A consulta é simples e está disponível na página principal da Semarh, por meio de um link direto para o painel do Monitor de Secas. A ideia é facilitar o acesso da população aos dados e ampliar o conhecimento sobre os efeitos da estiagem no território piauiense. Com a estiagem persistente e os desafios climáticos se intensificando, acompanhar os dados e fortalecer a atuação integrada entre governo e sociedade é essencial.
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A Semarh tem ampliado ações de mitigação e suporte às populações mais atingidas. “Estamos diante de um cenário desafiador. Por isso, temos intensificado as ações de apoio aos municípios, com foco no abastecimento de água, recuperação de áreas degradadas e fortalecimento de políticas ambientais. O Governo do Estado está atento e comprometido em reduzir os impactos da seca nas comunidades”, afirmou o secretário do Meio Ambiente, Feliphe Araújo.
Por causa da seca, estimativa de produção agrícola é reduzida
A redução na produção piauiense de grãos representa uma perda de 823 mil toneladas em relação à estimativa inicial de 2025. As culturas mais afetadas foram a soja, com queda de aproximadamente 489 mil toneladas (-12,09%), e o milho, que perdeu 211 mil toneladas (-10%). Também registraram retrações significativas o sorgo (-46.34%), feijão (-47,15%), algodão (-14,14%), arroz (-8,72%) e fava (-17,34%).
Pedro Andrade, chefe da Seção de Pesquisas Agropecuárias do IBGE no Piauí, a estiagem foi determinante para o resultado negativo. “A falta de chuvas afetou fortemente a produção, sobretudo entre os pequenos agricultores que não dispõem de tecnologias suficientes para garantir a produtividade em situações climáticas desfavoráveis”, explicou. Em algumas áreas, como as de cultivo de feijão e milho, houve perda total. A região do Cerrado piauiense também foi impactada, especialmente nos municípios de Bom Jesus, Currais e Palmeira do Piauí.
Além da redução na produção, houve uma diminuição na área plantada. A estimativa inicial apontava para 1,85 milhão de hectares a serem colhidos, mas os números atualizados mostram retração para 1,66 milhão – uma perda de 191,7 mil hectares. As maiores quedas ocorreram no milho (-83,8 mil hectares), feijão (-68,4 mil hectares) e sorgo (-17 mil hectares).
